terça-feira, 26 de novembro de 2013

Moedinha número 1



Revoluções sexuais à parte, confesso que adoro quando eles pagam a conta. Não tem a ver com independência ou interesse: é apenas uma questão de cortesia.
Duas horas de papo furado, uma cerveja pela metade, e o sujeito manda passar a sua bebida à parte quando a conta chega. Sensação de pentelho no sabonete. Aqueles singelos seis reais descem rasgando junto com uma gentileza que não apareceu. Gentileza, não obrigação, mas de que adianta distribuir elogios dignos de uma construção em Mossoró se estragar tudo com mesquinharia?
Não há mais um convite para desfrutar da companhia da mulher desejada. Sequer no primeiro encontro.

Também há os que pagam a conta esperando alguma vantagem sexual. O tal beijo ao final da noite tornou-se frescura de comédia romântica. Sexo virou moeda de troca - e eu dispenso. Muitos homens já me chamaram de frígida, mas o que responder a um frustrado? Sexo comigo deve ser um privilégio. "Quem quer garantias, compra uma torradeira", disse Clint Eastwood. Já tive encontros bons o suficiente para me oferecer a pagar a conta inteira. Tudo uma questão de perspectiva. Quiçá, iniciativa.

Recentemente chegou ao Brasil o aplicativo "Lulu" em que as mulheres avaliam anonimamente os homens com quem já se envolveram. Concordo que a ferramenta tenha seu conteúdo ofensivo e atinja inocentes, mas que bela emboscada se tornou aos canalhas. Consultar se um homem não liga no dia seguinte, se é pão duro ou ruim de cama antes de um encontro parece uma grande sacada, ainda que "ex" seja uma eterna entidade ressentida. Sempre há algum fundo de verdade. Imagino que a tal consulta não deva demorar a se aplicar às mulheres também. Não faltarão comentários sobre desempenho, airbag duplo ou pneu furado. Talvez as hashtags dedicadas às mulheres acabassem sendo um tanto monótonas, afinal, somos algo além de #loucas e #ciumentas após o final de um relacionamento? A conversa das mesas de bar e das idas ao banheiro parece incomodar bastante. Mas quem não deve, não teme.

Homem perfeito não existe, mas atire a primeira pedra quem não gosta de uma carta referência, afinal, estamos todos oferecendo um período de experiência com chance de contratação.

domingo, 22 de setembro de 2013

Quer saber? Vai dar merda!

E quando der merda, o que você pretende fazer a respeito? Implorar pela sua felicidade? Sentir vontade de morrer?

Jamais diga que deseja fazer uma pessoa feliz, pois você não tem esse potencial. Quem nos faz felizes somos nós mesmos. O que faz tudo dar errado é entregar essa responsabilidade na mão de outrem.

Já passei muito tempo desconfiada de tudo e de todos - e isso é bem recente -, e admito que poucas vezes me enganei. Acredito que devemos nos resguardar o quanto podemos e nos entregar se o coração pedir por isso. Viver de "quando" e não de "se". Viver o hoje, não o ontem ou o amanhã. Investir pesado em tudo que acreditarmos, mesmo que isso nos faça loucos.
Gritar quando der vontade e evitar pedir desculpas por ser humano. Por sentir medo, desespero, insegurança. Se o outro não entender, talvez precise rever alguns conceitos. Amar de peito mais aberto. Se entregar mais do que se acha capaz. Agir além das próprias expectativas, porque é isso que nos faz evoluir.

Eu não me considero fraca ou mal resolvida quando caio.

Todo mundo quer o melhor para si, mas quase ninguém está disposto a oferecer isso.
Até mesmo um pedido de desculpas é medido. Prefiro em exagero. Nunca sabemos o quanto a outra pessoa precisa disso.
Ignorar é sempre a alternativa mais fácil, e menos digna. Condenar também está no páreo.

Não importa quantas vezes eu me aborreça, me desiluda, sinta o peito apertar. Escolhi viver, encarar tudo de frente e esbravejar: "EU SOU FODA! Se você ainda não percebeu, troque a lente."

A maturidade me ensinou que as pessoas não são ruins: talvez só estejam fora de foco. Quem ainda não tiver alcançado essa perspectiva, saiba: gosto de ajudar, arriscar e amar as pessoas. E se eu não for correspondida como espero, vou sofrer. Há algo mais natural?



terça-feira, 20 de agosto de 2013

O amor da sua vida é insuportável


Melhor parar de pular de galho em galho e deixar de implicância. Você pode se apaixonar a qualquer instante. Há muitas possibilidades. Resta saber com quantos véus você está tentando camuflá-las.
Não existe príncipe encantado, e estou certa de que a Bela Adormecida acorda com bafo de tigre louco.
Nada como abrir mão do sobrenatural e aceitar-se mundano.

Se você se compara com panelas, tampas, frigideiras, porcas e parafusos, certamente não está se levando a sério.

Confesso que perdi as contas de quantos homens já se apaixonaram por mim. Não que seja um mérito. Tão rápido quanto se encantaram, se desiludiram, e sei que isso aconteceu porque me idealizaram. Faço uma mea culpa por ter permitido que eles se aproximassem de mim mesmo quando não faziam o meu tipo. Aceitei porque ficavam bem na minha estante.

Ao longo das minhas experiências, percebi que o amor das nossas vidas é quem melhor nos suporta.
Um relacionamento de caos pode ser o ideal. Traições e ciúme descontrolado podem ser adequados. Trajes de borracha podem ser excitantes. Não existe o proibido. Somente o que não foi acordado.
Qual é o problema de ter um relacionamento doentio, se os dois precisarem disso?
Buscamos o relacionamento ideal partindo do princípio de que somos todos sãos. Prefiro admitir que estamos apenas buscando quem tenha o conjunto de problemas que melhor nos serve.

Até que se prove o contrário, só temos uma vida para viver. E nessa vida, só aceito abandonar se for irreparável. Se for irritante, que se converse, não se descarte. Nada como ser ativista do seu bem-estar.

Quando um homem me perde ou se afasta, algo no seu código genético parece forçá-lo a me dizer um "boa sorte" de despedida. Expressão essa embebida em desprezo, algum sarcasmo, ou outra substância mais amarga.
Espero que, com o tempo, passem a vender com sabor e aroma de pêssego. Por enquanto, finjo que trago e passo adiante.
Escolhi viver meus amores como se fossem durar a vida inteira. E espero que todos encontrem alguém que use a sua mesma droga. Que beije demoradamente, morda, abrace forte, aperte, apalpe, salive, contorça, arfe e goze. Depois contemple, vista, suspire, sorria e se despeça. Aceite viver o intenso e o absurdo. Permita que o amor esteja em cada esquina.

O meu, vou querer com açúcar, obrigada.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Ele é comprometido, e agora?

E agora parte pra outra, minha amiga!
Não é de hoje que cito que não sou adepta de relacionamentos abertos. Se o cara gosta de brincar de Rei Salomão e manda partir a criança em duas para favorecer quem grita mais, ele está perdendo tempo comigo.

Infelizmente, o homem com a síndrome de Rei Salomão é alimentado pela insegurança da sua parceira.
Não foi apenas uma ou duas vezes que vi ou ouvi falar de mulheres que dizem que recebem mensagens anônimas de "uma invejosa". Ela só precisa criar um fake e choramingar para o "amorzão", mostrando ser um grave caso clínico. Aí ele discute com a outra mocinha que agora se acha mais gostosa do que nunca. Ela provou que é insegura e ele provou que é retardado. Filme repetido. Prefiro "A lagoa azul".

Esse tipo de mulher topa tudo para ter o parceiro por perto, e se sente ameaçada a todo instante. Faz parte também do time que está sempre suspeitando de uma gravidez, porque tem que ter emoção, né?
Particularmente, eu prefiro propostas indecentes. Isso de gravidez inesperada me soa muito Malhação, que eu não assisto desde a Era Mocotó.
Checagens em celular também são bem corriqueiras, mas ela só vai confessar que faz durante um surto - e ele não demora a acontecer.

A tal de mulher moderna não é necessariamente a que se mostra mais liberal. Sinto-me moderna por poder decidir ao que quero ou não me sujeitar. Sou uma daquelas raras pessoas que leem os termos de uso.

Já declarei desinteresse total por alguns homens, mas suas mulheres vieram à minha procura perguntar "mas se eu largar ele, você não vai atrás, né? promete?", e posso jurar que imaginei uma pá de cal caindo em cima daquela pessoa. É inconcebível que o amor-próprio esteja valendo tão pouco. Deve ser algum problema na distribuidora.
Algumas chegam a me adicionar no Facebook e saber de cor postagens do meu blog (watch and learn, certo?). Tsc tsc tsc.

Pela última vez, deixo claro: não como nada que já esteja com o lacre rompido. E isso vale para homens e lanches do Mc Donald's.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Nós não podemos ser amigos...ainda!

Devo iniciar com um comentário infame: a violência está mesmo absurda. Até as más lembranças nos tomam de assalto.

Dizem que se alguém te aborrece por um instante, a culpa é da pessoa. Se o seu aborrecimento se prolonga, a culpa é sua.
Não se deve deixar a chave da caixa de Pandora em mãos alheias. Sequer nas suas próprias.
Engula-a, mesmo que com um certo desgosto. Depois será natural que você cague pra ela.

Relacionamentos acabam, e ninguém muda de uma hora para outra. Vocês não serão amigos ou coleguinhas de infância outra vez. Não naquele momento.

Digo aos amigos mais próximos que enterro os meus inimigos, mas só até o pescoço, na maré baixa.
Quero que se desesperem, se conformem e se afoguem num palmo d'água, tendo um fim tão patético quanto suas vidas.
Não é bem por aí (mas não parece divertido?!).

Quem se distancia sabe que consegue um panorama melhor de qualquer situação.
Insistir em manter algum contato equivale a pedir esmola ou servir de muleta. Pode não haver amor/empatia, mas o ibope que se dá é mútuo. Qualquer coisa que saia dali, não passará de um flashback que renderá mágoas ou uma convivência incômoda.
A situação é desgastante inclusive para os amigos em comum: aonde um vai, o outro não vai, ou o grupo precisa ficar pajeando as duas pessoas e pisando em ovos.

Melhor detestar a outra pessoa até se sentir tolo(a) por isso. Ter tempo para aprender que há uma linha tênue entre o desprezo e a indiferença. Ser bem resolvida(o).

Amizades (re)começam quando ambas as partes se dão conta de que já tiveram experiências mais interessantes, frustrantes e inquietantes desde então. Quando a expectativa de uma retomada há muito tempo se perdeu, e é possível debochar do passado, fazer elogios de boca cheia, encontrar na rua sem virar a cara, virar contato numa rede social sem prestar atenção nas publicações, contar sobre o atual relacionamento sem comparações com o seu passado em comum, combinar programas que jamais se realizarão.

Não há flertes. Apenas catarse.
Vocês estão bem.

sábado, 25 de maio de 2013

Sem vergonha

Muito se fala em atitude quando o assunto é "flerte". E não se engane o tarzan que achar que desfilar sem camisa por aí seja o bastante.

O mundo está preguiçoso até para o tesão. Flertar virou comidinha de microondas: você prepara por 10 minutinhos com um calor artificial e reza para aquela opção mais fácil ser gostosa.

Eu entendo que a aproximação já seja um passo bem difícil. A possibilidade de rejeição nos assombra e um caminho de ovos não facilita o processo, mas oportunidade se cria. E se aproveita.

Por mais que haja a idealização do tipo ideal (hello, você que sai pra balada com um retrato-falado, a Nokia já criou esse case!), é um fato que estamos abertos a quem possa se interessar, como aviso de elevador. Nada como se permitir. E se valorizar.

Você é incrível. Destila sua confiança com infâmias, conhece seu território e sabe qual é o limite para a arrogância. Puxa assunto, passa vergonha e não sabe exatamente aonde quer chegar. Talvez, seja apenas um alongamento. É bom estar preparado quando precisar correr de verdade. Charme se exercita.

Nem preciso comentar que aproximações mais apuradas exigem um ambiente adequado. Num bar à meia-luz, quem sabe. Ouvindo refrões como "Grab somebody sexy tell 'em hey / Give me everything tonight" no meio de um bate-cabelo, não. Até mesmo um chat no Facebook parece uma boa opção (e é a escolha mais corriqueira, diga-se de passagem).
Confesso que me derreto com as coisas mais simples; nada de show pirotécnico. Serenata de amor, só se for o bombom.
Sábio quem se dá conta de que ser natural é a melhor arma de sedução.

Em um relacionamento preocupante


Estive refletindo sobre a dinâmica doentia de alguns relacionamentos que já tive e que observo.
Então, se você desconfia que está numa furada, sugiro que leia as dicas que deixei abaixo.

Você está em um relacionamento preocupante quando...

1. Há invasão de espaço e perde-se a referência de identidade (troca de senhas, checagem no celular, fotos apenas de casal como identificação, concordar com pensamentos que jamais passariam pela sua cabeça...)

2. Um grita, chora, implora, e o outro continua a discutir, como se nada estivesse acontecendo, chegando a desdenhar. Sadismo puro. Melhor parar tudo e dar um abraço forte. Na verdade, melhor jamais chegar a esse ponto.

3. Ele(a) cria caso com pessoas que nunca tiveram nada com você, e nem desejam ou provocam. Escolhe seus amigos.

4. Ele(a) curte fotos suas no Facebook com um amigo do sexo oposto só para marcar território. Melhor fazer xixi nele(a), ok? Mais efetivo. Nada alimenta tanto o ego de uma pessoa quanto se sentir uma ameaça.

5. Uma terceira pessoa é "o motivo" das discussões do casal. Mentira. Os únicos culpados são vocês dois. Seja por deixar uma paranoia crescer, ou por realmente permitir que uma terceira pessoa se insinue.

6. Um erro é apontado, e, em vez de corrigi-lo, o seu parceiro acha que é a vez dele de acusar "porque não é só você que pode!"

7. A palavra "desculpa" se torna uma raridade.

8. Você precisa planejar todos os seus passos para não ter uma discussão.

9. Começa um ciclo de ligações não-atendidas e mensagens sem resposta.

10. A reconciliação se torna a parte mais gostosa do relacionamento. Talvez, porque seja a única.

11. Você sente raiva de quem tenta alertá-lo(a), exatamente porque você já sabe que está tudo errado.

12. Sentimos mais medo de ver tudo acabar do que ansiedade em rever o outro.

13. Lemos listas assim e balançamos a cabeça assertivamente, ao menos uma vez.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

No way!


Se fazer de besta pra sobreviver, por muito tempo, pode torná-lo ator de um personagem só. Eu prefiro à moda do Tarantino: derrame o sangue que for necessário para garantir o espetáculo. Por isso sei que, quando me faço de besta, é free-lancer.

Pessoas manipuladoras existem porque as pessoas permissivas estão em igual proporção. Esses bichos só se criam se você alimentá-los.
Não somos tão vítimas quanto pensamos, e somos mais vilões do que achamos que nos permitimos. Ambos são sedutores. Depende da sua fome.

Acredito que melhoramos a nossa qualidade de vida quando passamos a entender que perdoar alguém que nos causa mal estar com uma certa frequência - por qualquer motivo que seja - não é benevolência, e sim fraqueza. É preciso saber a hora de dizer "CHEGA!".

Mil justificativas serão ouvidas, ele(a) vai querer saber o seu signo para justificar as suas atitudes no cosmos, se sentir injustiçado, promessas serão feitas em vão. E você vai esquecer tudo como se fosse a Dory. Impeça isso.

Dar a 521493ª chance àquela colega que "vai participar mais do trabalho na próxima", ao namorado que é agressivo, ao amigo que dá as costas quando faz novos contatos, ao colega que nunca devolve o dinheiro etc, é o mesmo que acordar depois de um porre, debruçado na privada, cuspir uma pastilha verde e torcer para aquilo ser um Halls mentolado.

Um sábio poeta uma vez cantou que "suas ideias não correspondem aos fatos" e levo isso comigo. Perdoar é divino, mas o inferno é aqui na Terra. Se quiser alguma evolução espiritual, sugiro que faça isso sendo mais você.

sábado, 4 de maio de 2013

Independência ou morte!

"Podemos marcar para o sábado à noite?", me perguntaram. Respondi "não, já tenho planos". E o meu plano incluía ter tempo pra mim.

Sei que posso parecer desprendida, talvez indiferente ou egoísta, mas começo a me sentir incomodada quando passo tempo demais acompanhada. Programação 24x7 não me atrai.

Às vezes, mesmo entre risadas e abraços, estou com o pensamento distante, contando os segundos para chegar em casa e fazer algo parecido com... nada. Ou tudo. Mas só comigo. Parece papo de masturbação - o que não deixa de ser uma boa ideia -, mas sei que é só vontade de fazer o que sempre fiz, quando ninguém está observando.

Quero ouvir a mesma música 50 vezes; viajar numa ideia e começar uma planilha baseada em lugares a que nunca fui e pessoas que ainda não conheço; assistir a qualquer filme insano abraçada com um dos meus cachorros e discutir a trama; descer às 3h45 da manhã pensando em um Big Mac e acabar com um sanduíche de presunto, queijo, maionese e um pão de forma integral - pra ser saudável - dividido ao meio; quero trocar mensagens no Whatsapp com gente bêbada; tirar fotos da minha bunda naquelas calcinhas novas que comprei pra ver se fiquei bem e blablabla.

Pessoas tendem a se comportar como siamesas quando estão em um relacionamento. Desconhecem o conforto da solidão. O mundo fica de pernas pro ar se um compromisso for cancelado. "Vamos terminar!" é quase um mantra. Ameaças a todo instante, manipulação disfarçada de descontrole.
É por isso que tanta gente ameaça se matar quando um relacionamento termina.

Quem aprende a viver para si - delimitando tempo e espaço para o outro -, aprende a amar melhor o próximo também. É apenas uma questão de acordo e transparência, não?

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Como ser ruim de cama (ou não)


Não confio em homem que diz que fica de pênis ereto e sente vontade de ejacular. Sexo pede por palavras obscenas. Você quer que ele fique de pau duro e com vontade de gozar. Qualquer outra coisa é inaceitável e deve entrar para a programação do Discovery Home&Healt.

E o que há com você que fica mandando gozar com a insistência de um telemarketing ativo? Amigo, se apertar o botão do elevador várias vezes não faz ele chegar mais rápido, tal técnica funcionaria comigo por quê?!
Perguntar depois e durante o gozo é gostoso, estimulante. Pressionar, não.

Sei que digo que sexo verbal não faz meu estilo apenas como trecho de uma música que adoro.
Não basta saber fazer. Tem que saber o que, como e quando falar. Não que seja complicado. Talvez, seja apenas questão de prática. Amantes de primeira viagem mais trocam cotoveladas na cama do que gemidos. E ao contrário do que dizem, há espaço para sentir vergonha - mas só na primeira vez. Assim como há espaço para rir de si mesmo. Nem precisa ser na cama. Pode ser algo como receber uma mensagem dele no celular "o que você está vestindo?", e só de sacanagem responder com "aquela cinta-caralho que você adora". Rir do absurdo e sentir-se instigado. Bom humor é afrodisíaco.
Talvez, seja questão de talento.
Digo isso pois fui questionada por um namorado "aonde eu havia aprendido aquelas coisas", e foi um suplício convencê-lo de que eu não vestia uma capa de madrugada e saía para combater o crime.
Primeiro, foi instinto. Depois, observação. Encontrar o encaixe perfeito exige paciência.
O que faz ele (a) estremecer? E enrijecer? Prender a respiração? Quais são as palavras-chave? A pressão do toque? A frequência do movimento?

Pode parecer meio clichê, mas a lingerie certa ajuda - e muito. Confesso que já fui para a cama usando dois sutiãs, por pura distração. Fico me perguntando se ele pensou que ao tirar a segunda camada, apareceriam outras de mais cores.

É fácil criar um manual do que não fazer. Já o manual que indica o que fazer, deve ser sempre confeccionado sob medida.

Preste mais atenção, e pratique.

domingo, 31 de março de 2013

Do contra



Sempre pensei que (im)pulso é o que nos mantém vivos de verdade, mas não necessariamente quando cedemos a ele.
Hoje, escolho o oposto do que for mais latente. Uma fuga da zona de conforto. Não sou aquela pessoa que se dirige ao garçom e pede "o de sempre".
Esqueça a ideia de que impulsos nos tornam inusitados. Como administramos essa habilidade é o que nos leva a outro nível.
Mesmo quando sinto vontade de partir, experimento ficar. Sei a hora de comprar uma briga e a hora de deixar pra lá. No momento, faço cabo de guerra com as minhas covardias.

Dizem que aos quase 24 anos não há muito espaço para rebeldias, mas acho que ainda posso brincar um pouquinho.

Às vezes, sinto que o imprevisível pode ser um tônico. Que devo dizer "sim" quando a vontade de dizer "não" for excruciante. Quando o ânimo parecer um privilégio de viciados em cafeína. Quando me dou conta de que pessoas também representam zonas de conforto. Quando não tenho a menor chance. Às vezes, pago para ver; às vezes, mando pôr na conta.

Sou uma eterna apaixonada por "ta, mas, e se eu for por ali? Aonde é que isso vai dar...?". Entro na toca do coelho mesmo sabendo que corro o risco de perder a minha cabeça. Sou aquela a quem avisaram lá na infância que "está quente!!!", mas mesmo assim foi lá queimar os dedos na grade do fogão.
Não sei o quanto isso tudo me torna complicada, mas eu prefiro o termo "fascinante".

A vida parece ter muito mais graça quando deixamos de separar o que é provável do que é possível. Pus tudo num saquinho e resolvi sortear. Quem puder, que grite "BINGO!".

segunda-feira, 25 de março de 2013

Cheerleader



De volta ao clube dos solteiros, passei a noite desta segunda-feira me perguntando como afinal de contas seria o amor da minha vida. Fiz mil jogos de adivinhações.

Sei que torço para que ele goste de pizza de pepperoni, séries, e seja viciado em filmes. Espero que adore sexo, conheça suas nuances, queira aprender e ensinar. Que se renda sempre ao ímpeto de me tomar em seus braços e me beijar como se o mundo fosse acabar naquele instante.

Não torço por sua cor, peso, idade, religião ou escolha política. Torço para que saiba o que quer da vida, tenha atitude e me tire para dançar, mesmo que eu dê lá os meus pisões em seus pés. Torço para que goste de sair para comer, não importa se para experimentar a esfiha do boteco da esquina ou um filet no La Tambouille.

Torço para que goste de cães e não seja o John Cusack, já que ele mora muito longe. Torço para que veja graça nos meus gestos mais sutis. Torço para que goste de frio e aprecie o delicioso cheiro de terra molhada. Torço para que goste de viajar, ou ao menos tenha planos a respeito... comigo! Seja para a cidadezinha ali do lado ou para outro continente.

Torço para que respeite gostos musicais. Que dê uma topada com o dedinho na quina do móvel, pragueje, e deixe passar. Que cometa gafes e saiba rir de si mesmo.
Torço para que pratique e entenda ironias, sem forçar.

Torço para que goste de ter ao seu lado uma mulher que manda cortar a franja sem planejar e faz convites sem saber exatamente para onde, mas gosta de ter hora pra voltar. Que saiba que muitas vezes por trás dessa mulher decidida há uma carinha de pidona que aparece sem avisar. Torço para que também tenha um plano de vida que inclua namorar, noivar e casar. Saboreando cada etapa desse processo.

Torço para que, mesmo quando se sentir derrotado, conteste, argumente, não se renda sem lutar. Torço para que dê o sangue por tudo que acreditar.

Torço para que entenda o significado de "eu te amo".
Torço para que exista. Não para agora. Agora, quero é sossego.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Ser firme ou bater forte?


Ser bom de briga não se resume a reverberar.
Talvez seja fazer o que ninguém mais parece disposto a fazer. Ter iniciativa, coragem e ir lá buscar o que é seu, independente de onde se encontre esse tal de "lá".

É sempre bom lembrar que esforço não oferece garantias. Ninguém está livre do fracasso simplesmente por ter se dedicado a uma tarefa. Não parece uma boa estratégia aplicar um ideal de camelô paraguaio - "La garantia soy yo" - a tudo que se faz.

Dizem que tenho uma planilha até mesmo para respirar, e se por um segundo eu perder o fôlego, vou querer saber o que ocorreu nesse intervalo.
Há quem chame de neurose, mas eu prefiro chamar de planejamento. Sou daquelas pessoas que quando têm uma ideia e nenhum papel à vista, anotam na própria mão, nos braços, na nuca do colega da frente. Não importa.
Uma boa ideia não pode escapar.

Claro que tenho meus momentos de hesitação, mas prefiro dar a cara a tapa. Por que não mostrar meus planos infalíveis a alguém que tem mais experiência? Nada como não ter medo de fazer papel de bobo. E não é que bancar o bobo de vez em quando pode ser uma delícia? A chance de passar vergonha e ir à lona só me lembra que lonas podem ser um bom ponto de impulso.

Com o passar dos anos, aprendi que tanta disposição precisa ser dosada, não reprimida. Saber identificar boas oportunidades de ficar calada tem sido uma habilidade a exercitar. Às vezes, mais vale olhar nos olhos e ouvir com atenção. Saber ser subordinada. Mesmo o mais inexperiente tem algo a ensinar, ainda que seja "como não fazer".

Se quiser inovar, faça isso calculando os seus riscos e gerenciando suas crises. Jamais descaracterize quem você é. Essência é uma coisa que só queimamos quando está contida em incensos.