domingo, 1 de janeiro de 2012

A insustentável chatice do ser

Um estranho fenômeno acomete a população brasileira.Vejo pessoas se denominando "amantes da natureza" como se fornicassem árvores, batendo palmas para o pôr-do-sol e soltando urros que eu não lançaria mão nem com a intimidade de quem deixa escapar um peido assistindo televisão após 2 anos de relacionamento. Calma, não podemos ser amigos?

O discurso sobre sustentabilidade me engana tanto quanto os fogos de artifício da vizinhança. Amigo, o Brasileirão acabou faz tempo. Eu sei que são drogas.
Levantar a bandeira da sustentabilidade está só um pouquinho - quase nada, viu? - além de participar do SWU. Nada contra o evento, só contra alguns heróicos participantes.
Somos óbvios demais para nos darmos ao luxo de interpretar tanto. Talvez você seja fã de Clarice Lispector. Prefere uma verdade inventada, correto?

De acordo com Confúcio, sujeitinho chinês que viveu muito antes de você usar o Black Eyed Peas como desculpa para salvar o mundo, "se você tem metas para um ano, plante arroz; se você tem metas para 10 anos, plante uma árvore; se você tem metas para 100 anos, eduque uma criança; se você tem metas para 1000 anos, preserve o meio ambiente."

Não faz mais de uma semana que li sobre a substituição de sacolas plásticas nos supermercados.
Sonho em carregar minhas compras em sacos de papel por recurso de estilo. Seu tempo sustentável de decomposição não é a primeira coisa que passa pela minha cabeça. Primeiro penso em comprar vinho e queijo gruyère para manter a pose. Nunca mais compraria Cheetos, mas acho que numa ecobag passa batido.
Não estou dizendo um grande "foda-se" para o meio ambiente. Apenas não faço questão de mascarar o quanto o meu botão de consciência ambiental pode ser falho. Não sou heroína ou vilã de coisa alguma. Sou humana sem manual de instruções. Você também, mas participa de um evento-lembrete e por isso se julga mais importante.

Se somos defensores da natureza, somos por consciência pesada. A verdadeira boa vontade está em extinção.
Talvez eu deva providenciar de uma vez o meu Avatar. A vida em Pandora não está fácil.