segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Relacionamento sério: método infalível para aumentar o pênis


É verdade: a maioria das mulheres tem um quê de mocinha que vai verificar o barulho no porão. Não adianta. Tateamos no escuro com o coração acelerado, torcendo para que seja um alarme falso.

Há um tempo, tive a curiosidade de ver o último número discado no celular de um namorado, e lá estava: uma ligação de 20 segundos para 9876-5432, exatamente no horário em que ele chegou na minha casa. Peraí...quer dizer que ele desligou o telefone com pressa assim que eu abri a porta? Eu lembro que ele estava com o celular na mão! Ou não? Não importa! A quem ele estava avisando sobre seu paradeiro? Quero saber quem é essa sirigaita! (porque me baixa um sentimento cangaceiro nessas horas)

Muitos "QUE PORRA É ESSA, GUILHERME?!" depois, e ele me explicou que o número era aleatório, coisa de teclado touch dentro do bolso. Morrendo de vergonha, mas ainda com alguma dignidade, disquei o número (ah é?! ah é?!). É, os 20 segundos só informavam que o tal não existia. Meu namorado estava tendo um caso com a Claro.

Ensaiamos alguma culpa quando esses episódios acontecem, mas sabemos que internamente pisca o alerta "não foi desta vez". Detestamos o ditado "quem procura, acha".

Homem comprometido vira garanhão. Toma conhecimento de vadias que jamais imaginou ter e tem a péssima ideia de contra-argumentar "Mas a Carlinha? Não, amor, ela é minha amiga, estudou comigo no...", até ser interrompido por "não defenda essa piranha pra mim!".

Ciumentas do meu Brasil, só é amor se disser "Vai! Vai lá com ela!"?

terça-feira, 17 de julho de 2012

Shut up!


Se existe um título mundial destinado a pessoas que se dão mal quando aconselham amigos em discussões amorosas, esse danado me pertence e "eu conheço os meus direitos!".

É fato que nenhum de nós deseja ouvir o tal de bom conselho. Queremos colo, alguém com quem traçar planos de aniquilação, lançar bombas de gás lacrimogêneo ou até para um simples flerte disfarçado de apoio moral. Nós queremos um suporte para o ego. Amigo imparcial não serve. This is Sparta!

Quando a tempestade passa, somos dignos de umas bordoadas, já que não poupamos esforços para voltar para aquele traste, egoísta e estúpido que nos fez mal. Ou para aquela arrogante dissimulada. A la carte. E o amigo conselheiro, bem, esse fica com cara de tacho.

O tal indivíduo se torna o vilão oficial de qualquer coisa que você chame de romance, afinal, ele tem uma implicância inexplicável com aquele anjinho que você namora. Seu amigo que, na melhor das hipóteses, não deve ter outra coisa melhor para fazer. É um invejoso.
A solução é viver para o seu docinho de coco, sua maçã caramelada, seu pedacinho de chocolate branco com nozes, sua cuti-cuti-nhonhon...CHEGA! Já deu para entender.

Por essas e outras, ao ouvir amigos praguejando após uma discussão de casal, tornei-me adepta da expressão mais sábia já inventada: "uhum".
"Uhum" significa tanto ouvir com atenção, quanto dar a entender que concorda, e, no futuro, pode ser útil perante um tribunal. Afinal, alguma vez você afirmou alguma coisa? Que palavras utilizou?

Ah, as pessoas andam tão passionais...

terça-feira, 3 de julho de 2012

Como não ser um príncipe encantado


Tenho amigos que vivem se perguntando por que ainda estão solteiros. Por isso, fiz um apanhado de erros comuns para ajudá-los. Enjoy:

1 - Fale que sente vontade de se mudar ou morar uns tempos no exterior. Isso dá uma ótima sensação de que ela é um caso, algo passageiro, não um romance.

2 - Suma sem explicação e reapareça como se nada tivesse acontecido. Claro, não esqueça de criar uma expectativa avisando que ligará após um determinado horário. Ansiedade é tempero.

3 - Mesmo que vocês não tenham nada sério, comente sobre outras. É delicioso ter a segurança testada.

4 - Faça declarações usando clichês, como se o amor fosse um miojo e ficasse pronto em 3 minutos.

5 - Comece a colocar defeitos nela assim que ela reagir ao item 3 com algo diferente de "e aí, comeu?". Como você poderia imaginar outra reação?

6 - Fale o que der na telha, desligue o telefone para não ouvir a resposta, e fabrique uma louca não atendendo à próxima ligação ou atendendo com um "que foi?", afinal, essa mulher está obcecada por você, certo?

7 - Compare com as suas ex-namoradas ou com a namorada do seu amigo.

8 - Diga que não sabe o que quer da vida e que não come 5 grupos de alimentos diferentes.

9 - Negue fogo pela internet ou sms. Azar o dela se está com tesão quando você está longe.

10 - Mantenha fotos de viagens com a sua ex nas redes sociais. Dê a ela a sensação de que aquilo não acabou.

11 - Permita que as suas amigas façam provocações na sua página, porque, convenhamos, mulher nem gosta de marcar território.

12 - Dê check-in no Foursquare comentando que "hoje a noite promete!" quando sair sem ela.

13 - Fale da rotina como se fosse trabalhar montado num unicórnio e estacionasse em uma torre de cupcakes. Relações são baseadas apenas em diversão. Vocês não devem compartilhar dificuldades e criar uma base de companheirismo.

14 - Diga tchau quando ela disser um tchau desaforado. Ela realmente espera que você se despeça. Insistir pra quê?

15 - Espere por outro manual. Ela tem a vida toda.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Acesso


Há um quê de mágico na primeira vez em que alguém me chama de Celle.
É como se uma corrente elétrica passasse pelo meu corpo. Um gesto capaz de acalmar qualquer tempestade, acalentar num dia ruim, me eximir de ter que pedir desculpas. Ah, como é bom não ter que pedir desculpas. Peço tanto que até perde o significado.

É o anúncio de uma intimidade que se inicia. Nada a ver com romance.
Poder me chamar de Celle e me deixar à vontade com isso é um convite para jantar. Uma fofoca no Facebook. Uma ligação a qualquer hora, por qualquer motivo, porque eu pareço a pessoa certa para ouvir um desabafo. É pedir para me desmanchar.
Quer dizer que você sabe que dou patadas quando estou aflita, ou que preciso cometer uma gordice quando estou ansiosa. Quer dizer que você é o (a) parceiro (a) perfeito para isso.

Capaz que soe estranho a quem me conhece com essa cara de quem devora um geek no almoço e palita os dentes com a canetinha do seu tablet. Tenho mil mecanismos de defesa.
Quem diria que o código de acesso seria algo tão bobo? Uma parcial do meu nome. Menos mal. Seria chato se tivessem que me chamar pela data de nascimento.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Espiritualizado é o *$%#¨@&!


A tal paz de espírito tem sido tão desejada quanto o último lançamento da Polishop. Parece que vai transformar as nossas vidas assim que pusermos as mãos nela. Não, não só parece. Estar em paz realmente muda todo o panorama.

O problema está em identificá-la. Enxergo camadas e camadas de hipocrisia em gente que se diz espiritualizada falando manso, fazendo falsas preces, participando de ONG's. Bullshit. Pode haver uma ou outra pessoa que realmente faça essas coisas, mas a maioria está no auto-engano. Até que ponto as suas preces são válidas depois que você começa a maldizer os outros? Até que ponto a caridade é válida se você não estende a mão para o amigo mais próximo? Até que ponto vale falar manso se for para manipular?

Tenho procurado essa paz de espírito há mais de uma semana, embaixo de cada pedra e por trás de cada cortina, nas lojas de conveniência. Não estava lá. Esgotou. O balconista avisou que liquidaram após o carnaval.

Fui obrigada a confeccionar em casa. Costurei amizades antigas, mesmo que meio tortas; preguei alguns botões nos relacionamentos mal acabados; diminuí a barra nas discussões e tirei o fundo falso.
Até que me vestiu bem, mas sinto que acentuou a minha bunda. Todos que me vêem vestida com ela pensam "olha lá ela querendo chamar atenção". Fazer o quê. Pareceu melhor do que lavar a roupa suja.

sábado, 16 de junho de 2012

Essa guerra não é minha


A primeira coisa que eu costumo perguntar a uma pessoa recém-conhecida é "o que eu preciso saber sobre você para garantir a nossa sobrevivência?"

Há quem ria e inicie um papo despretencioso que pode durar horas. Há quem leia ou escute apenas "sobrevivência" e responda sobre comida e primeiros socorros. O último caso é clássico e um alarme para a insegurança. Baixam-se as cortinas e sobe um letreiro reluzente: "tenho travas, ainda não aprendi a falar com as pessoas". Calma. Tem conserto!

Não importa exatamente a resposta. O que conta é o mecanismo por trás dela.

Há quem vista o manto do grande amigo e incentive pensamentos ruins. Gosta de ver o circo pegar fogo, mas entrega a caixa de fósforo na mão de outra pessoa. Faz fofoca disfarçada de confidência. Eu deixo passar. Enterro a pessoa e reafirmo meu compromisso com a felicidade.

Eu gosto de pessoas. Quando elas gostam de mim de volta, é bônus. Quando alguém se permite contaminar por uma opinião negativa a meu respeito, sem me conhecer, penso "Deeeus, mais um? Será que alguém fará diferente neste ano?". O meu novo bordão é "em quanto está o bolão?".

Dá dó ver uma pessoa mergulhando no auto-elogio. Sou obrigada a enxergar aquele indivíduo como um farsante. A mulher que se acha irresistível a todo macho na Terra; o homem que acredita que é um amante carinhoso e o problema estava todo na ex. Não.

Uma pessoa vaidosa demais é capaz de ver a atenção que você recebe e ir lá mostrar que também merece aplausos. Cobra a conta da sociedade. Compete com quem não está jogando. Seja numa sala de aula opinando sobre o que não conhece ou numa conversa de bar, buscando as mesmas risadas que você proporciona. Na nota fiscal deve vir escrito "2kg de admiração à vista". Também queria passar a cobrar a nota, mas a minha vida é malandra e sonega.

Não importa o que eu ou qualquer outra pessoa tenha a falar. Em nossas descrições pessoais, sempre seremos a nossa melhor versão. Saímos todos da escola do Professor Xavier. Somos únicos. Edição de colecionador, embalada a vácuo.

Um dia, quem sabe, todos possam aprendem de uma vez por todas que as nossas verdades são escritas pelas nossas atitudes.

domingo, 10 de junho de 2012

Você é o roteirista


Quem nunca se sentiu infeliz com a própria vida? É comum que tenhamos o hábito de praguejar contra alguma entidade divina ou o ex-namorado mais próximo. Mas será que somos capazes de assumir que somos os únicos responsáveis pela nossa felicidade? Que uma pedra no caminho merece um belo pontapé? Se ela não se mover, basta alterar o curso.

Hoje resolvi fazer uma reforma. Algo material, espiritual e social.

Dizem que o Facebook é uma vitrine. Dia desses reparei que um rapaz parecia ter uma felicidade de fachada. Coisa pobre de espírito essa de ter uma ideia sobre quem eu nem conheço, pensar que sei algo sobre a vida das pessoas porque acompanho suas atualizações milimetricamente pensadas. Somos todos topo de iceberg.

Vejo gente demais se lamentando por não ter uma paixão no dia dos namorados que se aproxima. Não há nada tão interessante nessa data quanto encontrar uma pessoa solteira e de bem com ela mesma. "Não foi desta vez" e a vida segue. Ser feliz é afrodisíaco.

A primeira coisa que joguei fora na caçamba dessa reforma foi a pena que eu sentia de mim. Não quero mais me questionar por que algo deu errado. Quero viver a minha vida transmitindo e atraindo coisas e pessoas boas, mesmo que do meu jeito ácido. Afastando tudo que me atrasa.

Nada como estar em paz.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Menos, bem menos.


Não há idade tão chata e pedante quanto os laureados 18 anos. Como se aniversários fossem milhas acumuladas para a onipotência, um cartão de boas-vindas ao mundo dos adultos.
A partir daí, surgem os adolescentes cheios de opiniões rasas, sem educação e com alguma noção de que ser "do gueto" é ter atitude. É ainda mais feio nas mulheres, e algo comum na última safra, que cresceu adornada por clipes do 50 Cent. Alguns se apegam tanto a essa fase que jamais saem dela. Ter 18 anos aos 30 não é nenhuma fonte de juventude eterna; talvez seja apenas uma imbecilidade disfarçada de cacife.

Estou para ver situação mais patética do que a de um jovem que está disposto a falar tudo e a ouvir nada. Que não sabe que discordar de uma pessoa pede por cordialidade. Um simples "é um bom ponto de vista, mas, na minha percepção, ____________" traz polidez e razoabilidade a qualquer assunto tratado. É uma pena que se sirva constantemente de uma face arrogante, que não olha para os lados e se dispõe a continuar sua diarréia oral na máxima potência. Parece que está no topo da cadeia alimentar.

Recomendo com a sutil sabedoria adquirida nos últimos anos (e com ares de Karatê Kid): calma, pequeno gafanhoto*.

* licença poética.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Fantasma


Não vejo nada de errado na vontade que sinto ao descobrir que um ex-namorado-ficante-cara-que-eu-flertava-na-hora-do-almoço está em um relacionamento sério com outra pessoa. Coisa para se resolver com apenas alguns golpes profundos usando uma faca serrilhada que quebraria na 3ª investida, e alguma rocha que eu encontrasse ao redor para terminar o serviço.
Algo que eu explicaria como "a vítima tropeçou e bateu com a cabeça várias vezes. Os furos são decorativos".

Brincadeiras à parte, acredito que as palavras "torço por você" ditas ao final de um relacionamento são tão falsas quanto as lendárias "vou colocar só a cabecinha".
Nós queremos ter a sensação de que somos insubstituíveis. Quanto mais tempo o (a) ex passar solteiro(a), melhor. Não queremos para a nossa vida, mas fazemos questão de que passe um tempo fora do mercado.

Logo, é comum que passemos a nos questionar se ainda estamos apaixonados. Caso ainda haja contato, damos aquela investida sem compromisso. Se ele der mole, desdenhamos: "Coitada dessa garota nova! Vai ser corna até...!". E esquecemos que fomos a garota antiga. Se ele recusar, praguejamos: "filho da puta, ta se achando!".

Quem não quer ser inesquecível? Será que pessoas que conhecem um grande amor na juventude e aguardam por ele até a velhice são apenas personagens de algum livro do Nicholas Sparks? Queremos que o brinquedo chegue quebrado à próxima mão. Demoramos a aceitar que pessoas não são propriedades.

Mas é do outro lado da situação que mora o perigo. Você é a nova namorada e ele tem uma ex que não sai do pé. Não é o caso de refazer o primeiro parágrafo. O desejo é o mesmo, mas a atitude correta pode ser não proibir. Não por medo daquela velha máxima que diz que "tudo que é proibido é mais gostoso", mas por saber que pessoas não são esquecidas com ordens, mas com o tempo.

Exigir que ele exclua a ex-namorada da vida, do Facebook e das punhetas passadas, é o mesmo que pedir que ele a guarde em seu lugar mais íntimo, afinal, ele precisar dar um fim naquilo no seu tempo, e não no dele. Passa a ser algo precioso que você não pode saber que ainda existe. Se há uma pessoa que faz uma ex ser presente na vida do seu namorado, é você mesma.
Move on.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Sexo com batata média e Coca-Cola com bastante gelo


Ninguém escapa da esquisitice. O que torna uma transa absolutamente inesquecível - bem ou mal - é ir fundo nas fantasias.

Certa vez, um cara me disse que tinha fetiche com Star Wars, e isso nada tinha a ver com a Princesa Leia. Gostava mesmo do barulho feito pelo Darth Vader. Aquele simples som era capaz de causar uma ereção. O que eu diria a um cara desse? "Ui, balança esse sabre de luz!"? Preferi sair pela tangente.

Sei que há quem sinta tesão por cosplay e, não, eu jamais usaria uma fantasia de Darth Vader para seduzir. Morreria desidratada de tanto rir assim que um pseudo-pikachu apalpasse os meus seios. Convenção de Anime definitivamente não é o meu point sexual predileto. Para mim, "o lado negro da força" é só um filme pornô inter-racial.

Mulher também é um bicho complicado. Sonha eternamente com um tripé. Eu prefiro que ele se limite às aulas de fotografia. No sexo, logo penso em desconforto. Quando quero me sentir preenchida, como no Mc Donalds.
Sinto dó do homem que tenta impressionar chamando o próprio pênis de instrumento, como se as minhas nádegas fossem tamborins e o que saísse da minha boca, melodia. Também não é pra tanto!

Não acho um cara menos másculo porque gosta de beijo grego ou pede que enfie um dedo. Se ele quiser muito, por que não? Ele apenas demonstra que sabe explorar o próprio corpo. Melhor que uma supervalorizada espanhola.

Também não há nada tão normal quanto o sujeito que curte a famosa garganta profunda e delira com a sua maquiagem borrada e vontade de vomitar. A quebra de tabus deixa o sexo divertido e é o melhor jogo a se praticar.

Fantasias só me incomodam quando eu preciso vesti-las.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Petrificados


Há corpos pelas vias de São Paulo. Não estão mortos, mas para a maioria dos cidadãos é algo semelhante. São corpos cobertos com um jornal, como se fossem sujeira a esconder. Como ficaria surpresa a população favorecida se alguém contasse que ali embaixo há pessoas; seres humanos que usam o álcool para aquecer o corpo e entorpecer a mente, numa tentativa de esquecer sua condição.

A brisa do outono traz consigo arroubos de filantropia. Há campanhas do agasalho por toda parte. A população enxerga ali a oportunidade de abrir um espaço no guarda-roupa. Separa suas roupas furadinhas, manchadinhas e, seguindo a tendência, suas atitudes mesquinhas. Não gosta de doar o que é bom porque "esse povo já recebe assistência demais", como se albergues limitados, imundos e violentos fossem a última novidade no ramo de hotelaria. Seguindo essa linha de pensamento, pode-se afirmar que o sopão de restos servido embaixo das pontes tem o requinte de um ratatouille?

Temos no nosso subconsciente a figura do vagabundo. Esquecemos que ser indigente não é um estrato social cobiçado. Há pessoas que perderam seus bens em desastres, idosos que foram negligenciados, doentes mentais e outras numerosas histórias por trás de cada pessoa que ignoramos a passos largos nas ruas.
Não há frio tão cruel quanto o que passa por dentro do nosso corpo.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Puta tem receita?


Será que puta é apenas uma mulher que cobra por sexo? Ou a que atende a mesma demanda sem cobrar? Existe um número mágico que determine quando uma mulher recebe essa promoção?

Em minha humilde opinião, "puta" não é uma alcunha trabalhista. Puta, vadia e piranha são as primeiras palavras que usamos para brindar uma mulher que nos ferve a cabeça. Não importa se ela é a guarda que te multou ou a vizinha que insiste em deixar o lixo no seu portão.

Eu reconheço "puta" como um elogio. Obrigada ao homem que me chamar assim. Serve apenas como um lembrete de que sou boa de cama, ele saiba disso ou não. Puta é a palavra que faz acender todos os botões, o código de acesso ao orgasmo. É algo que se diga de boca cheia, ao pé do ouvido, com intensidade a mil.

Puta não é uma mulher promíscua. É uma mulher que sabe se entregar, não fica impondo barreiras e alimentando inseguranças, sente o corpo vibrar com o imprevisível, se diverte com as reações e se permite surpreender com as próprias.

Ironicamente, putas de verdade não se encontram em qualquer esquina.

Como sempre, fiz uma breve pesquisa antes de iniciar este texto. Perguntei a 10 homens o que é uma puta na concepção deles e, pra variar, eles ainda me surpreendem.
Parece que, há algum tempo, as garotas de programa subiram de conceito. Um me indicou: "se um cara quer sexo seguro sem camisinha, deve namorar uma daquelas universitárias que fazem programa. Elas não fazem nada sem camisinha e dão pro mesmo número de caras que as outras, só que elas lucram e são limpinhas". Admito que fiquei incomodada com essa visão. Para os homens, estamos todas no mesmo barco e a que cobra tem o adicional de ser empreendedora? A moça que se namora em casa e pede por alguma cumplicidade antes de compartilhar gemidos, arfados e fluidos entrou em extinção? Ou é a nova fresca?

Já ouvi homens incentivando: "Tem que dar mesmo! Mulher precisa ter atitude, tem os mesmos direitos que nós". Mas quando saem do hall dos elegíveis, falam que a mulher de atitude de outrora é uma puta e não sabe se resguardar. Bem, não seria em uma tarde que eu descobriria qual é a verdade dos homens,mas imagino que não haja uma só. Se há uma coisa que o ser humano sabe fazer, é tomar atitudes condicionais. Vamos acompanhar.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Amor: lenda urbana?


Hoje uma amiga me questionou: "você ainda sabe o que é namorar?". Confesso que tive lá as minhas dúvidas, mas sei. Definitivamente sei.

Namorar é sentir medo que acionem o IBAMA sobre as borboletas presas no meu estômago. Abrir um sorriso quando o celular vibra e trocar sms a qualquer hora, sem que nenhum dos dois se sinta perseguido por isso. Encontrá-lo no fim de semana e, mesmo com a distância de poucos dias, ainda ouvir ou falar em saudade. Ficar abraçado debaixo do cobertor num dia de chuva, trocando carícias e falando besteiras à distância de um nariz. Sentir vontade de morder qualquer parte do corpo da outra pessoa. Ganhar apelidos absolutamente opostos à realidade: namorada magra é chamada de gordinha, o namorado grande tem apelido no diminutivo. Não sei se para chegar a esse estado estamos ridiculamente apaixonados ou somos apaixonados ridículos, mas acontece na vida e na TNT.

Namorar é fazer um jantar com cardápio elaborado por horas (dias, semanas, vidas passadas), e ficar contente quando ele retribui com um miojo.
Também é combinar dele te buscar em casa, você investir na produção e despertar um tesão que não permita que os dois passem da porta.
Ver beleza ou graça no outro em estado decrépito de gripe. Responder "nada" quando ele pergunta se está tudo bem, num daqueles dias, discutir por algo que não incomoda de verdade e ser chamada de louca quando pedir "asilo político".

Ter um relacionamento sério não é apenas uma mudança de status nas redes sociais, momentos de prazer e uma sucessão de desastres divertidos. Namorar é querer estar lado a lado, e se um dos dois estiver à frente, que seja para proteger o outro. É ter dentro de si um tesão vulcânico e o mais pueril sentimento. Assistir ao outro dormindo e traçar planos de dominação mundial. Como é mesmo o nome do sortudo que casa com a realeza? Príncipe-consorte?
Amar é estar em plena adolescência, sob qualquer idade.

E ainda há quem fuja disso tudo. Não se arrisca por nada e propõe um tal de relacionamento aberto a toda pessoa promissora que encontra. Talvez essa seja a modalidade mais superestimada dos últimos tempos. É apenas uma forma de auto-engano. O seguro do amor.
Entramos num acordo de que podemos nos relacionar com outras pessoas para cobrir o medo de uma traição ou escapar das discussões provocadas pelo ciúme. É como pegar uma moto-serra e cortar as árvores com seus corações entalhados. Quebrar a flecha do cupido. Rasgar as figurinhas do "Amar é...".

Se abrimos mão de todas as minúcias deliciosas da relação a dois por medo de conflitos, que valor tem o amor? Aonde encontrá-lo? O que come? Vamos torcer para que não entre em extinção.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Antes de sair, passe no RH


Estima-se que uma louca seja criada a cada resistência a uma cantada ou fim de relacionamento. A produção de cafajestes também é expressiva no mercado.

Resta saber o que estimula essa indústria que desqualifica homens e mulheres em larga escala, todos os dias. O tal coração, que sempre levou crédito injusto pelas sensações, finalmente passa a bola para o nosso cérebro , que trabalha para os nervos, que estão à flor da pele. Vez ou outra, terceirizamos o serviço para o fígado. Infelizmente, é um serviço caro. Demanda muito combustível e arrependimento.
Precisamos de uma reforma no departamento.

É certo que todos conhecemos alguns filhos da puta dignos de uns bons palavrões, mas duvido que todas as pessoas do meu passado mereçam tanto rancor.
Quando me pego criticando demais um ex-affair, paro e me pergunto "mas calma, como eu reagia a ele? Será que eu não colaborei de alguma forma para que as coisas saíssem dos trilhos?".

Vejo gente dizendo que atrai mulheres loucas ou homens estúpidos. Será que a mulher não é "louca" porque o cara testa a segurança do relacionamento a todo instante? Brinda a rotina com desprezo dosado batido com momentos doces? Fabrica uma dependência que supra as necessidades do seu ego?

Será que ele é estúpido porque ela insiste mil vezes na mesma pergunta? Porque ela abriu mão das amizades para viver com exclusividade para o parceiro e por isso tem tempo de sobra pra ficar neurótica com pequenas ausências que parecem eternidades?

Será que os dois perderam a belíssima oportunidade de largar o outro de mão enquanto era seguro? Para descrever detalhadamente esses estágios, não é difícil imaginar que eu já tenha passado por eles. E as variáveis são incontáveis.

Não é uma boa ideia querer mostrar determinação nesses momentos. Às vezes, as pessoas simplesmente não são compatíveis. Elas passam algum tempo juntas e tentam extrair o melhor disso. Suspeito que relacionamentos de décadas só existam porque, em um determinado momento da vida, precisamos de alguém que complemente os nossos planos.
Queremos iniciar a produção daquele comercial de margarina roteirizado ao longo das nossas experiências. São muitos os ensaios.
Enquanto a versão definitiva não é posta em prática, saber a hora de desistir é absolutamente aceitável e recomendado por cientistas de alguma dessas universidades com verbas para pesquisas absurdas.

Por essas e outras, ao se queixar do relacionamento passado para uma nova pessoa na sua vida, lembre-se de que essa faca tem dois gumes. Com o tempo, vocês vão se conhecer melhor e, se você não mudar de atitude, terá que amargar o julgamento de alguém que pode começar a levantar a hipótese de que a sua antiga paixão talvez tivesse alguma razão em seus rótulos.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Ilha do não-consentimento


Distribuí um mapa sexual (http://www.humansexmap.com/) entre alguns contatos masculinos nas redes sociais pedindo que assinalassem seus desejos e experiências.

Se eu disser que foi apenas uma pesquisa e não uma conduta lasciva, quem acreditará? Ninguém. Logo, me dediquei - sem culpa - à ardua tarefa de montar um banco de dados sexual de aproximadamente 30 homens.

Na hora de conferir os resultados...alerta vermelho! Foi praticamente unânime a marcação da opção "fantasia de estupro".

Ou eu estou abrigando virtualmente os 30 criminosos mais procurados da América, ou algemas, palmadinhas e uma dissimulada obediência já não são o suficiente.
Fui obrigada a me perguntar se o lado obscuro das nossas fantasias deve vir à tona com a intimidade (contamos e esperamos qualquer esboço de compreensão) ou certas coisas devem ser mantidas nas profundezas do nosso ser.
Será que os nossos fetiches estão cravados na essência e não podemos fazer nada a respeito? Ou, feministas que me perdoem, esse tesão por mulheres resistindo ao sexo é uma forma de fugir do contexto atual de sexo fácil?

Pela quantidade de convites que recebo para "aparecer em casa", posso concluir que está mesmo havendo um delivery sexual. Se eu nego, sou chamada de ET. Deve ser comum, então. Não sei quando essa moda pegou. Na minha cabeça, a última revolução sexual aconteceu em Woodstock.
A única coisa que sei é que agora estou mais preocupada com o preço deste combustível do que com aquele vendido nos postos.

ps: dou 2 horas pra alguém me acusar de algum crime contra a humanidade. Cronometrem.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Vendemos fiado


Aos quase 23 anos, quando optei por abrir mão da carreira de jornalista e cursar de uma vez por todas Publicidade e Propaganda, sequer me passou pela cabeça que o jovem ingressante de 17 ou 18 anos me fizesse tanta vergonha.

Pelas catracas da faculdade, passa um bando que brada - "tudo culpa desses nordestinos!" - como forma de protesto ao governo atual. Em seu mundinho, nordestino e retirante são sinônimos. "Todos uns mortos de fome que não sabem falar", dizem.

Admito que, desde fevereiro, sinto medo dessa nova safra que em 4 ou 5 anos entrará oficialmente para o mercado de trabalho sob a alcunha de "comunicadora social".
De fato, se comunicam bastante: aos cochichos, apontando, ignorando a educação que seus pais supostamente lhes deram. Se não houver um defeito à mostra, são prestativos o bastante para servir ofensas gratuitas. O ambiente universitário virou uma selva. Para alguns, sinto vontade de solicitar a carteirinha de vacinação.

Suas carinhas de desprezo quase me fazem chamar os paramédicos. O que mais olhos revirados e uma boca torta me diriam? Reza a lenda que um dia podem chegar a engasgar com a própria língua.

Tão cedo e já disputam um poder financeiro que não lhes chega por contra-cheque. Há um embate silencioso vencido por quem tem carro. Nunca vi a dependência de um progenitor ser moeda tão valorizada. Pois agora saibam que acontece e que um dia gostaria de sugerir como pauta ao Globo Repórter. "Juventude: quando largar de mão".

Seria fantástico se a maturidade e o bom senso tivessem porções individuais vendidas nos postos de conveniência. Talvez uma toalha purificante para os que estão encharcados no seu preconceito. Provável que eu bolasse uma campanha publicitária que desse um certo status ao produto, na esperança de torná-lo um sonho de consumo.

Gostaria de ver gente aos tapas por uma dose de "vamos dar um tempo nessa palhaçada". Talvez seja o caso de dar uma chamada no marketeiro dos bons modos e avisar que o que estamos tentando vender não é fácil de engolir. O mercado é exigente e está acostumado com o que vem mastigado. Pelo menos, o preço é acessível. Vendemos fiado.

domingo, 18 de março de 2012

Marcelle Gália For Dummies


Acho que o destino está me devendo um bilhete de loteria. Só isso explica tanto azar no amor. Na verdade, pode não ser azar. Suspeito que seja desencontro de informações. Então vamos dar um jeito nisso:

Bem-vindo à nave "Marcelle Gália"!

1. Afivele bem o cinto. Não gosto de sexo pré-determinado. Não acho que seja o tipo de coisa que se combina. Sexo é consequência. Vamos conversar? Você me explica no caminho.

2. Máscaras de oxigênio cairão sobre a minha cabeça se você começar a me ligar de hora em hora.

2.1. SMS não é problema. Apenas considere a possibilidade de eu não poder respondê-lo imediatamente.

3. Não gosto de dormir de conchinha. Danço o Charleston no colchão. Cotovelada, dedo no olho e chute no saco são recorrentes.

UPDATE EM 01/05/2013: agora eu gosto de dormir de conchinha. Embora continue perigosa!

3.1. Falo dormindo, discuto, e acordo com raiva de você, que estava dando em cima daquela vadia azul naquela escada rolante dentro daquela jarra de chocolate. E não me faça de doida porque eu vi tudo!

4. Sou vítima do efeito sanfona. Se você não concorda com a tendência de contornos arredondados sazonais, fuja para as colinas.

5. Não faço tipinho, mas você pode me acusar disso caso eu não responda o que espera ouvir. Diga-se de passagem, se você não tem culhões, nunca deve me perguntar coisa alguma.

6. Sou debochada, indecente e quase sempre não é nada pessoal.

7. Não exijo presentes, mas exijo bom senso. Jamais pergunte o que eu quero, muito menos estipulando um valor limite. Observe, analise, faça da escolha do presente uma ciência.

7.1. Só esnobo o pobre se for de espírito.

8. Sou viciada em internet. Acessarei no jantar, na cama, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê, mas nunca enquanto você conversar comigo. Comunique-se.

9. Gosto de cozinhar, mas não abuse da sorte. É o que tem pra hoje!

10. Faço cara de indiferente, silêncio nas redes sociais, e me importo o suficiente pra segurar o choro na hora de dormir.

11. Quero casar e ter filhos nos próximos 5 anos.

12. Adoro ficar em casa. Valorizo mais a intimidade que a sociabilidade.

13. Mordo.

Quem é complicada? Tenho até manual.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Contagem regressiva


Falta um mês para o meu aniversário e já estou pensando no que desejarei ao assoprar as velinhas. Simbólicas, claro. Veja lá se uma moça de - em breve - 23 anos ainda assopra velinhas. No máximo, brinca com o fogo. E se queima.

Sei que à meia-noite do dia 16 de abril deste ano, sentarei mais uma vez na cama, apertarei os olhos e desejarei...o quê?

Não faz muito tempo que, no caminho para a faculdade, me peguei sorrindo. Estava absorta pensando nas preocupações que já tive e no quão ridículas elas parecem agora. O mesmo deve acontecer daqui a uns anos.

Algo me diz que alguns anos são apenas pontes, desprendidos de grandes significados. O que realmente importa está lá na frente.
Uma breve dispersão e pude me imaginar deixando os meus filhos na escola, observando-os pelo retrovisor. Neurótica, como sempre. Dando beijinhos em machucados, bronca para tomarem banho, embalando o sono de um anjo que surge apenas quando dorme. Tenho boas lembranças de coisas que nunca aconteceram.

Talvez eu só queira desejar mais anos de vida. Nada eterno. Tempo para alcançar essas crianças que correm rápido, dão gargalhadas gostosas e provavelmente me darão dor nas costas, desde o ventre. Tempo para embalar as crianças desses filhos que jamais crescerão aos meus olhos.

Acho que amo as minhas crias. E elas ainda nem existem.

Somos tangerinas

(Apaixonada pelo anúncio acima!)

Nada mais comum na última década do que se deparar com manifestações pela liberdade sexual. Transar e transitar se tornaram verbos bastante parecidos. O termo "hétero-flex" se popularizou. Dizem mesmo que no sexo tudo começa com a língua.

A parcela intolerante da sociedade reage com violência a esse grupo que se deu o direito de procurar sua metade da laranja em outro cesto. Ou em ambos.
Dentre os termos usados pelos agressores, temos a palavra "fruta". Se o ser humano fosse uma fruta, eu diria que seria uma tangerina. Não nos compete uma metade. Independente de orientação sexual, passamos a vida nos servindo de gominhos; quantas porções forem necessárias. Assumimos que o amor não é edição limitada.

Expandir o conceito de amor e a quem ele se aplica não tem nada de colorido. É uma postura preto no branco. As coisas como elas são.

Há quem considere modismo. Pensando por esse lado, é possível que esses juízes das quatro paredes assumam para si o papel de um estilista viciado em saias justas. Particularmente, acho démodé, mas na moda sempre haverá quem queira criticar o que não diz respeito ao seu corpo.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Querido, aprenda a esquentar as coisas.


Querido homem, ao me convidar para tomar um vinho e comer alguma coisa em casa, por favor, providencie mais do que aquela insossa tábua de frios. Não é tão elegante quanto você imagina. Tomate seco nem é grande coisa e mussarela de búfala não tem gosto de nada. Esqueça aquela teoria de que queijo e vinho são alguma garantia de foda.

Particularmente, não será desagradável se você estiver cheirando a tempero ou finalizar o jantar na minha presença. Eu quero sentir que você esteve tão preocupado em me agradar que perdeu a noção do tempo para si. Você se importa. Não está apenas a fim de me comer. Ou pelo menos, encontrou uma forma mais singela de demonstrar isso.

Não permita que o delivery chegue a ser uma solução. Não importa o investimento financeiro que você faça. Quero comer torradinhas com um antepasto estranho. "Será que é frango ou atum?". Nada de macarrãozinho. E não adianta chamar talharim de "massa"; isso não me dará menos impressão de que você é preguiçoso.Compre um bom corte de filé mignon para acompanhar, pelo menos.

Providencie mais vinho. É chato balançar aquela tacinha meia boca por uma noite inteira. Faça a magia acontecer. Mulheres precisam de uma boa dose de álcool disponível apenas para jogar a culpa. Faríamos tudo sóbrias. Vinho não é catapulta ~risos~, é apenas o álibi.

Eu sei que disse ali em cima que o cheiro de tempero não incomoda, mas é no mínimo de bom tom pedir licença para se recompor e permitir que eu faça as minhas observações solitárias por alguns instantes. Eu disse instantes. O suficiente para fazer um Hot Pocket. E por tudo que é mais sagrado, não esqueça de dar um ar de limpeza ao recinto. Tudo bem deixar jogada alguma revista Quatro Rodas em cima da mesa de centro. Eu já entendi que você é macho. Não o acho menos másculo por causa de um avental.

Também vamos combinar que música ambiente pode agradar, mas comentários triviais próximos ao ouvido são muito mais excitantes. O ritmo da sinestesia não se discute. Tem cheiro, temperatura, volume e muitos semi-toques. Ficarei feliz se não se comportar como um polvo. Não há nada tão estimulante quanto estar a um palmo de alguém que está a fim de você, mas ainda assim sentir um ar de dúvida. A entrega absoluta não instiga. Também quero conquistá-lo. É a minha cena. O próximo ato não foi escrito.

domingo, 1 de janeiro de 2012

A insustentável chatice do ser

Um estranho fenômeno acomete a população brasileira.Vejo pessoas se denominando "amantes da natureza" como se fornicassem árvores, batendo palmas para o pôr-do-sol e soltando urros que eu não lançaria mão nem com a intimidade de quem deixa escapar um peido assistindo televisão após 2 anos de relacionamento. Calma, não podemos ser amigos?

O discurso sobre sustentabilidade me engana tanto quanto os fogos de artifício da vizinhança. Amigo, o Brasileirão acabou faz tempo. Eu sei que são drogas.
Levantar a bandeira da sustentabilidade está só um pouquinho - quase nada, viu? - além de participar do SWU. Nada contra o evento, só contra alguns heróicos participantes.
Somos óbvios demais para nos darmos ao luxo de interpretar tanto. Talvez você seja fã de Clarice Lispector. Prefere uma verdade inventada, correto?

De acordo com Confúcio, sujeitinho chinês que viveu muito antes de você usar o Black Eyed Peas como desculpa para salvar o mundo, "se você tem metas para um ano, plante arroz; se você tem metas para 10 anos, plante uma árvore; se você tem metas para 100 anos, eduque uma criança; se você tem metas para 1000 anos, preserve o meio ambiente."

Não faz mais de uma semana que li sobre a substituição de sacolas plásticas nos supermercados.
Sonho em carregar minhas compras em sacos de papel por recurso de estilo. Seu tempo sustentável de decomposição não é a primeira coisa que passa pela minha cabeça. Primeiro penso em comprar vinho e queijo gruyère para manter a pose. Nunca mais compraria Cheetos, mas acho que numa ecobag passa batido.
Não estou dizendo um grande "foda-se" para o meio ambiente. Apenas não faço questão de mascarar o quanto o meu botão de consciência ambiental pode ser falho. Não sou heroína ou vilã de coisa alguma. Sou humana sem manual de instruções. Você também, mas participa de um evento-lembrete e por isso se julga mais importante.

Se somos defensores da natureza, somos por consciência pesada. A verdadeira boa vontade está em extinção.
Talvez eu deva providenciar de uma vez o meu Avatar. A vida em Pandora não está fácil.