sábado, 1 de outubro de 2011

Estado musical: numa amizade colorida

Tenho uma relação especial com a música e confesso que não me importa muito o gênero. Serve tanto como ferramenta de fuga, quanto de protesto e acredito até que para fins medicinais. Quem nunca recorreu a ela nos momentos de depressão? Somos reféns de letra e melodia.

Costumo dizer que cada indivíduo que se relaciona comigo, da forma que seja, possui uma coletânea e nem desconfia disso. Fazer o quê, sou estranha e adoro mergulhar na minha esquisitice.


Vejo muitas críticas ao cenário musical atual e considero um dramalhão. Não somos capazes de escolher qual música queremos ouvir? Não vejo o menor motivo para criticar gêneros que não me agradam como se fossem alguma doença contagiosa. Minha playlist tem The Cure, The Strokes, Fernando & Sorocaba, hits do carnaval de Salvador... Mais me importa a letra. Pesquiso todas, mesmo que a música seja nacional. Não tenho o ouvido muito treinado.

É fácil criticar a música sertaneja por só tratar de dor de corno, mas quem é que não tem as suas? Quantas bandas internacionais super(estimadas)cultuadas não tratam do mesmo tema? Brasileiro adora bajular gringo. Exporta uma Bossa Nova insossa para inglês ver, pensa que está abafando e sufoca a liberdade de expressão de quem fizer diferente. Não aguento mais ver celebridades internacionais batucando "Garota de Ipanema" em caixinha de fósforo. Gente, vira o disco!

Quantos compraram ingressos para o Rock in Rio pensando nas atrações nacionais? Tratamos nossa música como se fosse brinde. Por essas e outras não dou muita conversa para patriotas de Copa do Mundo.


E qual que é o problema do Restart mesmo? Ah, eles usam calça colorida? Minha nossa! Que ato obsceno. Alguém por um acaso já teve a curiosidade de assistir a um show deles, mesmo que pelo Youtube? Quem teve, sabe que o show inteiro é uma declaração de amor aos fãs, uma troca de energia positiva. Intensidade é a palavra.

Não sou fã deles, mas admito que tenho duas de suas músicas na famigerada playlist. Animam. Vocês que apontam os integrantes como gays por seus trajes, levantam a bandeira contra o preconceito aos homossexuais. Santa discrepância!


Tudo que espero de uma música é que ela me leve a um estado emocional; da melancolia ao êxtase. Não obrigo quem me cerca a aceitar ou recrimino nossas diferenças. O mesmo penso sobre filmes, livros, times, religiões e todas as coisas que dizem que não se discute.

Odeio lavagem cerebral.Afinal de contas, que manual é esse que foi distribuído à sociedade no dia em que faltei ao mundo? Onde está escrito que preciso ser fã do Woody Allen e querer dar para o Chico Buarque?


Por toda a minha vida, vou me dar a liberdade de ouvir um xote para dançar abraçadinho, música "colorida" para animar, Lulu Santos para sentir saudade, e assim por diante...abra a cabeça e pare de se negar prazeres. Se não funcionar, procure o seu médico. Eu procuraria.

Um comentário:

Fernanda Duarte disse...

Estou com você e não abro em termos de despreconceito, Celle. Não curto Restart por não curtir mesmo, mas definitivamente não perco meu tempinho valiosérrimo pensando isso ou aquiloutro dos meninos. Que se vistam como quiserem, desde que ganhem seu dinheirinho com o suor colorido do rosto. A não ser funk e pagode mela-cueca, que me irritam, minha playlist também costuma estar aberta para qualquer música que venha em paz e saiba me passar uma boa cantadinha... Beijos musicais e sucesso! Sou do Lugarzito, seja sempre bem-vinda lá!