segunda-feira, 9 de abril de 2012

Ilha do não-consentimento


Distribuí um mapa sexual (http://www.humansexmap.com/) entre alguns contatos masculinos nas redes sociais pedindo que assinalassem seus desejos e experiências.

Se eu disser que foi apenas uma pesquisa e não uma conduta lasciva, quem acreditará? Ninguém. Logo, me dediquei - sem culpa - à ardua tarefa de montar um banco de dados sexual de aproximadamente 30 homens.

Na hora de conferir os resultados...alerta vermelho! Foi praticamente unânime a marcação da opção "fantasia de estupro".

Ou eu estou abrigando virtualmente os 30 criminosos mais procurados da América, ou algemas, palmadinhas e uma dissimulada obediência já não são o suficiente.
Fui obrigada a me perguntar se o lado obscuro das nossas fantasias deve vir à tona com a intimidade (contamos e esperamos qualquer esboço de compreensão) ou certas coisas devem ser mantidas nas profundezas do nosso ser.
Será que os nossos fetiches estão cravados na essência e não podemos fazer nada a respeito? Ou, feministas que me perdoem, esse tesão por mulheres resistindo ao sexo é uma forma de fugir do contexto atual de sexo fácil?

Pela quantidade de convites que recebo para "aparecer em casa", posso concluir que está mesmo havendo um delivery sexual. Se eu nego, sou chamada de ET. Deve ser comum, então. Não sei quando essa moda pegou. Na minha cabeça, a última revolução sexual aconteceu em Woodstock.
A única coisa que sei é que agora estou mais preocupada com o preço deste combustível do que com aquele vendido nos postos.

ps: dou 2 horas pra alguém me acusar de algum crime contra a humanidade. Cronometrem.

3 comentários:

Fábio C. Batista disse...

http://www.humansexmap.com/showmap.php?mapid=map4f858e363b3960.86416250

outro mapa masculino pra voce tirar conclusoes

Soyuz disse...

Acho q posso dizer com alguma certeza que a fantasia do 'estupro' não tem a ver com o sexo fácil. E mais certeza ainda tenho de que não é algo recente (esse é um dos fetiches mais recorrentes em hentais desde sempre...). Mas tb não sei explicar de onde vem. Minha tentativas de explicação: 1. Talvez tenha a ver com a dificuldade de sexo(Sim, pois independente de ser fácil, nunca é tão fácil quanto nós, ogros, gostaríamos...); 2. Talvez tenha a ver com uma coisa meio 'animal' em que o próprio processo do ato sexual é um processo de conquista. Ou seja, quando se inicia, não está exatamente conquistado, mas ao final estará, já que somos tão fantasticamente demais, uau... 3. Para alguns homens pode ter a ver com submissão e até um pouco de prazer na dor alheia... sobre isso, já não sei dizer em primeira mão.

O que eu acho que sei: 1. Em sites pornô, descobri que tanto eu quanto uma certa parcela da população não sente prazer em ver uma mulher sofrer 'de verdade'. Então acho que grande parte qualquer fantasia de não consentimento não envolve sofrimento 'de verdade'. Pode, envolver, sim, 'prazer sofrido', resistência vencida, ou parcialmente vencida etc.

2. Algumas fantasias são mais prazerosas como fantasias do que como realizações...

Manoel Netto disse...

Frequentemente encontro essa fantasia do estupro em mulheres (pasme!) e algumas vezes em homens, o que contraria sua pesquisa (talvez por conta da amostragem "contaminada": pouca gente e de um mesmo círculo de amizades, o seu).

Não quero dizer com isso que homens não tenham essa fantasia, mas que também as mulheres a tem.

Tal qual o eterno fetiche do sexo anal, eu concordo com comentarista anterior que se trata muito mais de uma coisa animal de "dominar a presa" (no caso da presa, de ser dominada) e que pode até ser saudável, desde que haja consenso e que não passe do fingimento e brincadeira.

PS: conheço um casal que combinou um "arrombamento" em casa, o marido saiu e voltou mascarado e tudo mais. segundo eles, foi muito mais divertido que erótico. e foi a única vez que brincaram disso.

Gostei dos seus textos, conheci seu blog de algum contato do FB (você deve ser amiga de algum amigo, que agora eu me perdi nas abas do firefox).