sábado, 24 de setembro de 2011

A coisa está preta!

Nada mais comum do que ouvir de um carioca que "tem neguinho" fazendo isso ou aquilo. Somos preconceituosos por nossos trejeitos? O tal do "neguinho" é referência a qualquer indivíduo.
Mesmo que fosse referência a um tom de pele, seria racismo? Devo sentir medo de falar o título do post em voz alta?


Penso que o preconceito toma forma quando procuramos contorná-lo. Está enraizado. Falamos que é aquele rapaz de cor ou moreno, como se ninguém no mundo avistasse um negro alto e forte e chamasse de "negão".
Não se pode mais respirar fora de compasso que alguém veste a camisa dizendo que é preconceito.

Claro que não saio por aí taxando as pessoas disso ou daquilo, mas não me proibo palavras. É apenas uma cor. Desde que não haja um contexto pejorativo, não vejo discriminação. Condenem-me. A loira pode ser a loira, o baixinho é o baixinho e o negão sempre será o negão.

Ninguém acha que você é infeliz por ser negro, mas experimente ser gordo! Parece fazer parte de uma sub-categoria na escala humana. As pessoas não puxam papo, sentem pena sabe-se lá do que, e dificilmente você conseguirá comer em público sem passar por alguma humilhação. Talvez seja um problema maior para as mulheres do que para os homens. Toda turma tem um gordinho gente boa. Já a gordinha fica eternamente com aquele rótulo de mal humorada porque vive na defensiva.


Não existe essa história de gente que está fora de forma e é bem resolvida. É só alguém que disfarça muito bem. Não se aceita o que nos rebaixa. Vivemos para agradar os outros. Vamos abrir o jogo! Já dizia Jacques Rousseau que é preferível ser alguém de paradoxos que de preconceitos.


O diagnóstico popular causa angústia: "e por que não toma uma atitude?". Diga, meu amigo, todo mundo tem um vício.
Beber, fumar, jogar. Mais da metade da população mundial gosta de comer e não consegue controlar isso. Será que essas pessoas precisam de ajuda? Talvez, mas acredito piamente que a única pessoa que pode nos ajudar somos nós mesmos.

Aconselho que sempre que derraparem - e isso acontecerá -, se levantem e que seja de um trampolim. Mudar de ambiente e conhecer pessoas novas é apenas um paliativo. Pessoas novas só são boas por que ainda não tiveram a oportunidade de nos decepcionar.


Refletindo sobre a reação da sociedade em geral aos que fogem ao padrão, pergunto: só pode se queixar de preconceito quem é negro ou homossexual? As demais categorias devem aguardar seu espaço no noticiário?

Quero proteção para a loira taxada de burra, o gordo que incomoda por si só, os pobres que sofrem o olhar de nojo das vendedoras, os nordestinos que não podem crescer sem um olhar de repreensão dos sulistas, e quem mais se sentir injuriado. Ou será que a Constituição serve apenas ao homem branco, em forma e engravatado? Ninguém deveria ter o direito de ferir a auto-estima do outro.


Sinto que voltamos a 1997 e depositamos todas as nossas esperanças em um tal de cachimbo da paz. Será que as pessoas realmente fazem alguma ideia do que seja o preconceito de verdade? Não estou dando lição de moral. Parafraseando Cazuza: só estou cansada dessa babaquice, caretice, dessa eterna falta do que falar, e quem quiser que me chame de exagerada.

Um comentário:

♥MáH♥ disse...

Concordo com você. está meio díficil falar as coisas do jeitinho que pensamos sem receber uma olhada assustada ou uma reprimida...
Um saco.

E também sempre disse que não existe isso de estar super feliz consigo mesma estando acima do peso. Para mim isso é " conversa para boi dormir".
rs

http://resenhandomm.blogspot.com