terça-feira, 26 de novembro de 2013

Moedinha número 1



Revoluções sexuais à parte, confesso que adoro quando eles pagam a conta. Não tem a ver com independência ou interesse: é apenas uma questão de cortesia.
Duas horas de papo furado, uma cerveja pela metade, e o sujeito manda passar a sua bebida à parte quando a conta chega. Sensação de pentelho no sabonete. Aqueles singelos seis reais descem rasgando junto com uma gentileza que não apareceu. Gentileza, não obrigação, mas de que adianta distribuir elogios dignos de uma construção em Mossoró se estragar tudo com mesquinharia?
Não há mais um convite para desfrutar da companhia da mulher desejada. Sequer no primeiro encontro.

Também há os que pagam a conta esperando alguma vantagem sexual. O tal beijo ao final da noite tornou-se frescura de comédia romântica. Sexo virou moeda de troca - e eu dispenso. Muitos homens já me chamaram de frígida, mas o que responder a um frustrado? Sexo comigo deve ser um privilégio. "Quem quer garantias, compra uma torradeira", disse Clint Eastwood. Já tive encontros bons o suficiente para me oferecer a pagar a conta inteira. Tudo uma questão de perspectiva. Quiçá, iniciativa.

Recentemente chegou ao Brasil o aplicativo "Lulu" em que as mulheres avaliam anonimamente os homens com quem já se envolveram. Concordo que a ferramenta tenha seu conteúdo ofensivo e atinja inocentes, mas que bela emboscada se tornou aos canalhas. Consultar se um homem não liga no dia seguinte, se é pão duro ou ruim de cama antes de um encontro parece uma grande sacada, ainda que "ex" seja uma eterna entidade ressentida. Sempre há algum fundo de verdade. Imagino que a tal consulta não deva demorar a se aplicar às mulheres também. Não faltarão comentários sobre desempenho, airbag duplo ou pneu furado. Talvez as hashtags dedicadas às mulheres acabassem sendo um tanto monótonas, afinal, somos algo além de #loucas e #ciumentas após o final de um relacionamento? A conversa das mesas de bar e das idas ao banheiro parece incomodar bastante. Mas quem não deve, não teme.

Homem perfeito não existe, mas atire a primeira pedra quem não gosta de uma carta referência, afinal, estamos todos oferecendo um período de experiência com chance de contratação.