domingo, 31 de março de 2013

Do contra



Sempre pensei que (im)pulso é o que nos mantém vivos de verdade, mas não necessariamente quando cedemos a ele.
Hoje, escolho o oposto do que for mais latente. Uma fuga da zona de conforto. Não sou aquela pessoa que se dirige ao garçom e pede "o de sempre".
Esqueça a ideia de que impulsos nos tornam inusitados. Como administramos essa habilidade é o que nos leva a outro nível.
Mesmo quando sinto vontade de partir, experimento ficar. Sei a hora de comprar uma briga e a hora de deixar pra lá. No momento, faço cabo de guerra com as minhas covardias.

Dizem que aos quase 24 anos não há muito espaço para rebeldias, mas acho que ainda posso brincar um pouquinho.

Às vezes, sinto que o imprevisível pode ser um tônico. Que devo dizer "sim" quando a vontade de dizer "não" for excruciante. Quando o ânimo parecer um privilégio de viciados em cafeína. Quando me dou conta de que pessoas também representam zonas de conforto. Quando não tenho a menor chance. Às vezes, pago para ver; às vezes, mando pôr na conta.

Sou uma eterna apaixonada por "ta, mas, e se eu for por ali? Aonde é que isso vai dar...?". Entro na toca do coelho mesmo sabendo que corro o risco de perder a minha cabeça. Sou aquela a quem avisaram lá na infância que "está quente!!!", mas mesmo assim foi lá queimar os dedos na grade do fogão.
Não sei o quanto isso tudo me torna complicada, mas eu prefiro o termo "fascinante".

A vida parece ter muito mais graça quando deixamos de separar o que é provável do que é possível. Pus tudo num saquinho e resolvi sortear. Quem puder, que grite "BINGO!".

segunda-feira, 25 de março de 2013

Cheerleader



De volta ao clube dos solteiros, passei a noite desta segunda-feira me perguntando como afinal de contas seria o amor da minha vida. Fiz mil jogos de adivinhações.

Sei que torço para que ele goste de pizza de pepperoni, séries, e seja viciado em filmes. Espero que adore sexo, conheça suas nuances, queira aprender e ensinar. Que se renda sempre ao ímpeto de me tomar em seus braços e me beijar como se o mundo fosse acabar naquele instante.

Não torço por sua cor, peso, idade, religião ou escolha política. Torço para que saiba o que quer da vida, tenha atitude e me tire para dançar, mesmo que eu dê lá os meus pisões em seus pés. Torço para que goste de sair para comer, não importa se para experimentar a esfiha do boteco da esquina ou um filet no La Tambouille.

Torço para que goste de cães e não seja o John Cusack, já que ele mora muito longe. Torço para que veja graça nos meus gestos mais sutis. Torço para que goste de frio e aprecie o delicioso cheiro de terra molhada. Torço para que goste de viajar, ou ao menos tenha planos a respeito... comigo! Seja para a cidadezinha ali do lado ou para outro continente.

Torço para que respeite gostos musicais. Que dê uma topada com o dedinho na quina do móvel, pragueje, e deixe passar. Que cometa gafes e saiba rir de si mesmo.
Torço para que pratique e entenda ironias, sem forçar.

Torço para que goste de ter ao seu lado uma mulher que manda cortar a franja sem planejar e faz convites sem saber exatamente para onde, mas gosta de ter hora pra voltar. Que saiba que muitas vezes por trás dessa mulher decidida há uma carinha de pidona que aparece sem avisar. Torço para que também tenha um plano de vida que inclua namorar, noivar e casar. Saboreando cada etapa desse processo.

Torço para que, mesmo quando se sentir derrotado, conteste, argumente, não se renda sem lutar. Torço para que dê o sangue por tudo que acreditar.

Torço para que entenda o significado de "eu te amo".
Torço para que exista. Não para agora. Agora, quero é sossego.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Ser firme ou bater forte?


Ser bom de briga não se resume a reverberar.
Talvez seja fazer o que ninguém mais parece disposto a fazer. Ter iniciativa, coragem e ir lá buscar o que é seu, independente de onde se encontre esse tal de "lá".

É sempre bom lembrar que esforço não oferece garantias. Ninguém está livre do fracasso simplesmente por ter se dedicado a uma tarefa. Não parece uma boa estratégia aplicar um ideal de camelô paraguaio - "La garantia soy yo" - a tudo que se faz.

Dizem que tenho uma planilha até mesmo para respirar, e se por um segundo eu perder o fôlego, vou querer saber o que ocorreu nesse intervalo.
Há quem chame de neurose, mas eu prefiro chamar de planejamento. Sou daquelas pessoas que quando têm uma ideia e nenhum papel à vista, anotam na própria mão, nos braços, na nuca do colega da frente. Não importa.
Uma boa ideia não pode escapar.

Claro que tenho meus momentos de hesitação, mas prefiro dar a cara a tapa. Por que não mostrar meus planos infalíveis a alguém que tem mais experiência? Nada como não ter medo de fazer papel de bobo. E não é que bancar o bobo de vez em quando pode ser uma delícia? A chance de passar vergonha e ir à lona só me lembra que lonas podem ser um bom ponto de impulso.

Com o passar dos anos, aprendi que tanta disposição precisa ser dosada, não reprimida. Saber identificar boas oportunidades de ficar calada tem sido uma habilidade a exercitar. Às vezes, mais vale olhar nos olhos e ouvir com atenção. Saber ser subordinada. Mesmo o mais inexperiente tem algo a ensinar, ainda que seja "como não fazer".

Se quiser inovar, faça isso calculando os seus riscos e gerenciando suas crises. Jamais descaracterize quem você é. Essência é uma coisa que só queimamos quando está contida em incensos.