quarta-feira, 30 de maio de 2012

Menos, bem menos.


Não há idade tão chata e pedante quanto os laureados 18 anos. Como se aniversários fossem milhas acumuladas para a onipotência, um cartão de boas-vindas ao mundo dos adultos.
A partir daí, surgem os adolescentes cheios de opiniões rasas, sem educação e com alguma noção de que ser "do gueto" é ter atitude. É ainda mais feio nas mulheres, e algo comum na última safra, que cresceu adornada por clipes do 50 Cent. Alguns se apegam tanto a essa fase que jamais saem dela. Ter 18 anos aos 30 não é nenhuma fonte de juventude eterna; talvez seja apenas uma imbecilidade disfarçada de cacife.

Estou para ver situação mais patética do que a de um jovem que está disposto a falar tudo e a ouvir nada. Que não sabe que discordar de uma pessoa pede por cordialidade. Um simples "é um bom ponto de vista, mas, na minha percepção, ____________" traz polidez e razoabilidade a qualquer assunto tratado. É uma pena que se sirva constantemente de uma face arrogante, que não olha para os lados e se dispõe a continuar sua diarréia oral na máxima potência. Parece que está no topo da cadeia alimentar.

Recomendo com a sutil sabedoria adquirida nos últimos anos (e com ares de Karatê Kid): calma, pequeno gafanhoto*.

* licença poética.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Fantasma


Não vejo nada de errado na vontade que sinto ao descobrir que um ex-namorado-ficante-cara-que-eu-flertava-na-hora-do-almoço está em um relacionamento sério com outra pessoa. Coisa para se resolver com apenas alguns golpes profundos usando uma faca serrilhada que quebraria na 3ª investida, e alguma rocha que eu encontrasse ao redor para terminar o serviço.
Algo que eu explicaria como "a vítima tropeçou e bateu com a cabeça várias vezes. Os furos são decorativos".

Brincadeiras à parte, acredito que as palavras "torço por você" ditas ao final de um relacionamento são tão falsas quanto as lendárias "vou colocar só a cabecinha".
Nós queremos ter a sensação de que somos insubstituíveis. Quanto mais tempo o (a) ex passar solteiro(a), melhor. Não queremos para a nossa vida, mas fazemos questão de que passe um tempo fora do mercado.

Logo, é comum que passemos a nos questionar se ainda estamos apaixonados. Caso ainda haja contato, damos aquela investida sem compromisso. Se ele der mole, desdenhamos: "Coitada dessa garota nova! Vai ser corna até...!". E esquecemos que fomos a garota antiga. Se ele recusar, praguejamos: "filho da puta, ta se achando!".

Quem não quer ser inesquecível? Será que pessoas que conhecem um grande amor na juventude e aguardam por ele até a velhice são apenas personagens de algum livro do Nicholas Sparks? Queremos que o brinquedo chegue quebrado à próxima mão. Demoramos a aceitar que pessoas não são propriedades.

Mas é do outro lado da situação que mora o perigo. Você é a nova namorada e ele tem uma ex que não sai do pé. Não é o caso de refazer o primeiro parágrafo. O desejo é o mesmo, mas a atitude correta pode ser não proibir. Não por medo daquela velha máxima que diz que "tudo que é proibido é mais gostoso", mas por saber que pessoas não são esquecidas com ordens, mas com o tempo.

Exigir que ele exclua a ex-namorada da vida, do Facebook e das punhetas passadas, é o mesmo que pedir que ele a guarde em seu lugar mais íntimo, afinal, ele precisar dar um fim naquilo no seu tempo, e não no dele. Passa a ser algo precioso que você não pode saber que ainda existe. Se há uma pessoa que faz uma ex ser presente na vida do seu namorado, é você mesma.
Move on.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Sexo com batata média e Coca-Cola com bastante gelo


Ninguém escapa da esquisitice. O que torna uma transa absolutamente inesquecível - bem ou mal - é ir fundo nas fantasias.

Certa vez, um cara me disse que tinha fetiche com Star Wars, e isso nada tinha a ver com a Princesa Leia. Gostava mesmo do barulho feito pelo Darth Vader. Aquele simples som era capaz de causar uma ereção. O que eu diria a um cara desse? "Ui, balança esse sabre de luz!"? Preferi sair pela tangente.

Sei que há quem sinta tesão por cosplay e, não, eu jamais usaria uma fantasia de Darth Vader para seduzir. Morreria desidratada de tanto rir assim que um pseudo-pikachu apalpasse os meus seios. Convenção de Anime definitivamente não é o meu point sexual predileto. Para mim, "o lado negro da força" é só um filme pornô inter-racial.

Mulher também é um bicho complicado. Sonha eternamente com um tripé. Eu prefiro que ele se limite às aulas de fotografia. No sexo, logo penso em desconforto. Quando quero me sentir preenchida, como no Mc Donalds.
Sinto dó do homem que tenta impressionar chamando o próprio pênis de instrumento, como se as minhas nádegas fossem tamborins e o que saísse da minha boca, melodia. Também não é pra tanto!

Não acho um cara menos másculo porque gosta de beijo grego ou pede que enfie um dedo. Se ele quiser muito, por que não? Ele apenas demonstra que sabe explorar o próprio corpo. Melhor que uma supervalorizada espanhola.

Também não há nada tão normal quanto o sujeito que curte a famosa garganta profunda e delira com a sua maquiagem borrada e vontade de vomitar. A quebra de tabus deixa o sexo divertido e é o melhor jogo a se praticar.

Fantasias só me incomodam quando eu preciso vesti-las.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Petrificados


Há corpos pelas vias de São Paulo. Não estão mortos, mas para a maioria dos cidadãos é algo semelhante. São corpos cobertos com um jornal, como se fossem sujeira a esconder. Como ficaria surpresa a população favorecida se alguém contasse que ali embaixo há pessoas; seres humanos que usam o álcool para aquecer o corpo e entorpecer a mente, numa tentativa de esquecer sua condição.

A brisa do outono traz consigo arroubos de filantropia. Há campanhas do agasalho por toda parte. A população enxerga ali a oportunidade de abrir um espaço no guarda-roupa. Separa suas roupas furadinhas, manchadinhas e, seguindo a tendência, suas atitudes mesquinhas. Não gosta de doar o que é bom porque "esse povo já recebe assistência demais", como se albergues limitados, imundos e violentos fossem a última novidade no ramo de hotelaria. Seguindo essa linha de pensamento, pode-se afirmar que o sopão de restos servido embaixo das pontes tem o requinte de um ratatouille?

Temos no nosso subconsciente a figura do vagabundo. Esquecemos que ser indigente não é um estrato social cobiçado. Há pessoas que perderam seus bens em desastres, idosos que foram negligenciados, doentes mentais e outras numerosas histórias por trás de cada pessoa que ignoramos a passos largos nas ruas.
Não há frio tão cruel quanto o que passa por dentro do nosso corpo.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Puta tem receita?


Será que puta é apenas uma mulher que cobra por sexo? Ou a que atende a mesma demanda sem cobrar? Existe um número mágico que determine quando uma mulher recebe essa promoção?

Em minha humilde opinião, "puta" não é uma alcunha trabalhista. Puta, vadia e piranha são as primeiras palavras que usamos para brindar uma mulher que nos ferve a cabeça. Não importa se ela é a guarda que te multou ou a vizinha que insiste em deixar o lixo no seu portão.

Eu reconheço "puta" como um elogio. Obrigada ao homem que me chamar assim. Serve apenas como um lembrete de que sou boa de cama, ele saiba disso ou não. Puta é a palavra que faz acender todos os botões, o código de acesso ao orgasmo. É algo que se diga de boca cheia, ao pé do ouvido, com intensidade a mil.

Puta não é uma mulher promíscua. É uma mulher que sabe se entregar, não fica impondo barreiras e alimentando inseguranças, sente o corpo vibrar com o imprevisível, se diverte com as reações e se permite surpreender com as próprias.

Ironicamente, putas de verdade não se encontram em qualquer esquina.

Como sempre, fiz uma breve pesquisa antes de iniciar este texto. Perguntei a 10 homens o que é uma puta na concepção deles e, pra variar, eles ainda me surpreendem.
Parece que, há algum tempo, as garotas de programa subiram de conceito. Um me indicou: "se um cara quer sexo seguro sem camisinha, deve namorar uma daquelas universitárias que fazem programa. Elas não fazem nada sem camisinha e dão pro mesmo número de caras que as outras, só que elas lucram e são limpinhas". Admito que fiquei incomodada com essa visão. Para os homens, estamos todas no mesmo barco e a que cobra tem o adicional de ser empreendedora? A moça que se namora em casa e pede por alguma cumplicidade antes de compartilhar gemidos, arfados e fluidos entrou em extinção? Ou é a nova fresca?

Já ouvi homens incentivando: "Tem que dar mesmo! Mulher precisa ter atitude, tem os mesmos direitos que nós". Mas quando saem do hall dos elegíveis, falam que a mulher de atitude de outrora é uma puta e não sabe se resguardar. Bem, não seria em uma tarde que eu descobriria qual é a verdade dos homens,mas imagino que não haja uma só. Se há uma coisa que o ser humano sabe fazer, é tomar atitudes condicionais. Vamos acompanhar.