quinta-feira, 26 de maio de 2011

Meu lado "Marcellão"



Sou o filho que meu pai não teve, e olha que tenho irmão. Sou a caçula e realizei o sonho do meu pai de ter uma companhia para o futebol, lutas e discussões sobre carros. É comum que um cutuque o outro no trânsito e aponte para um novo modelo, comente valores, potência, conforto e assim por diante. Meu irmão finge que gosta de futebol, mas não sabe nem o que é impedimento. É só uma forma de aplacar o desgosto de um velho carioca que é Fluminense desde pequenininho.
Nunca tive laços muito estreitos com o meu pai, mas reconheço que esse meu excesso de testosterona faz a diferença. Compartilhamos interesses, mas não o mesmo time. Quando morava em Recife, torcia para o Náutico. Ao chegar em São Paulo, transitei e, ratificando em 01/08/2011, virei corinthiana...estou rendida [insira seu trocadilho aqui]. Nem sou de rivalidades.
Lembro de sair às pressas para a padaria em tempos de Copa do Mundo. Beliscar é indispensável! Sequer importa se o meu time está jogando. Gosto de jogo e ponto. Ligo a televisão e assisto ao campeonato espanhol ou italiano. Em tempos de Libertadores, teremos sérios problemas se você me ligar numa quarta-feira à noite. Não rejeito outros esportes, apenas sinto que o futebol tem um quê de especial. Minha mãe diz "Que prazer besta! Um bando de machos correndo atrás de uma bola", mas qual prazer seria digno de importância? Assistir a uma novela cheia de clichês e falso compromisso social? Socorro.
Meus amigos me enviam emails para confirmar se eu já escalei meu time no Cartola FC. O chamado é carinhoso: Marcellão. Custei a ganhar o respeito dos meus amigos e mostrar que não sou mais uma mulher que espera atrair homens fingindo interesse por esportes. Gosto de futebol, mas para assistir. Se fosse praticar um esporte - e não apenas correr - escolheria o boxe, mas me recusaria a comprar luvas cor-de-rosa. Sinto vergonha alheia quando avisto um par do tipo. Se é pra dar e levar porrada, que seja com dignidade! Ainda não lançaram a "Barbie hematoma", imagino.
Quem sabe, se o Brasil receber mesmo a Copa em 2014, eu não possa torcer a plenos pulmões. Vamos cruzar os dedos!